Medo de escrever? Parece estranho dito desta forma, mas… não será familiar a todos nós? Quem, enquanto escritor ou aspirante a escritor, não se deparou com a pergunta “Será que sou bom o suficiente?” Bem, a resposta é invariavelmente sim.
No entanto, o início do processo pode ser sempre mais complicado, pois não sabemos exactamente o que escrever. Bem, o que posso dizer? As primeiras ideias não importam. Sentem-se “bloqueados”? Sentem que a vossa história não é boa o suficiente? Que importa? Escrevam tudo, como rascunho, todas as ideias que vos surgirem na cabeça, por mais absurdas que vos pareçam. Convençam-se de que ninguém vai ler e vejam o vosso medo a evaporar-se lentamente, até que, já sem ele, criam uma história.
Pode não ser excelente, mas será certamente melhor do que aquela que o vosso medo vos iria permitir escrever. Nem tudo o que escrevemos tem de ser editado, não é? Escrevam, escrevam muito e escolham as melhores e as que mais gostam. Não esperem pela inspiração, apenas escrevam. Se se sentirem inspirados tanto melhor, mas se o vosso objectivo é escrever um romance, nem todas as cenas da vossa história vão ser inspiradoras. É uma questão de aceitar este facto e seguir em frente. Quando terminarem e relerem, talvez sintam a vossa inspiração de forma diferente e melhorem essas cenas que custaram mais a “sair”.
Muitas vezes, o medo prende-se com o género. Leiam, leiam muito. Procurem livros de vários géneros, leiam não só para se divertir, mas analisem a história, descubram o que a fez ser amada (ou não) pelos leitores. Por pior que considerem um livro, há sempre uma aprendizagem e uma lição a tirar de cada um. Ver o que os outros fazem, ler as suas histórias, entender os seus métodos, também nos ajuda a ultrapassar os nossos medos.
Ninguém consegue escrever uma história de forma igual a outra pessoa, então, não se torturem à procura do estilo certo ou do estilo semelhante ao autor x, que é tão bom. Não, cada autor é único e é isso que torna a vossa obra especial. Aprendam sempre mais e mais, leiam muito, observem os detalhes e depois… aos poucos e sem pressas, vão ver surgir o vosso próprio estilo.
Depois de ultrapassada esta primeira barreira, outros medos surgem, o feedback é um deles. Muitas vezes, os nossos primeiros leitores são familiares ou amigos, o que nos dá uma certa confiança, mas também muito receio. Receio de que as suas reviews não sejam sinceras, por medo de magoar os nossos sentimentos, por exemplo. Outra situação com que me tenho deparado é com a frase “se nem os meus amigos lêem o que eu escrevo…” Bem, se calhar entregaram o vosso trabalho precisamente àquele amigo que não tem tempo para nada, ou pior, àquele que odeia ler…
A qualidade do trabalho não pode ser medida por factores tão imprecisos e nem por reviews online, sejam elas boas ou más. É importante perceber que determinado tipo de pessoas gostam de umas coisas, outras gostam de outro género e saber viver com isso.
Todos se sentem ansiosos ao escrever, principalmente se tencionam fazer disso a vossa vida, mas faz parte do processo e deve ser encarado como tal. Ponham de lado os julgamentos, a rejeição das editoras e todos os obstáculos que encontrem no caminho. Sim, pode ser difícil fazer a vossa vida apenas com a escrita, mas sem tentar…
E, mesmo que acreditem que o vosso trabalho é assim tão mau, eu só conheço uma forma de melhorar: escrever. Todos os dias mais e mais.
Tentem colocar todas estas ideias de lado quando escrevem, escrevam como se fosse única e exclusivamente para vocês mesmos e depois… deixem acontecer.
The fear of writing. It may seem weird when it is said in such a way, yet… isn’t it something that all writers are familiar with? Who, as an aspiring writer or accomplished one, can say that he never questions himself “Am I good enough?”. Well, the answer to that particular question is: yes, you are.
The beginning of the process can be a bit complicated because you don’t know exactly what to write. “What can I say?” The first ideas don’t really matter. Do you feel “blocked”? Do you feel that your story is not good enough? Who cares? Write it anyway, at least as a draft. Write down all of the ideas that come to mind, even the craziest ones. Convince yourself that no one will read them and see your fear slowly disappear, until, without that burden, you finally create the story you wanted.
It may not be excellent, but it will certainly be better than the one your fear would have allowed you to write. Not everything you write must be edited, right? So, write, write and write some more. Then, and only then, do you choose the stories you like the most. Do not wait for some miracle or bout of inspiration, just write. If you feel inspired, great, but if you are writing a novel, not all the scenes of your story will be inspiring. So get over it. When you finish writing and proceed to proof-read it, you may improve the scenes that you feel to be the weakest.
Many times, your fear is related to the type of story. You need to read, a lot and different genders. You must read not only to have fun, but also to analyze the stories, find out what makes them loved (or hated) by the readers. As bad as the book may seem, it will most likely end up teaching you something. Seeing what other people do, reading their stories, understanding their methods, will also help you overcome your fears.
No one is able to write a story the same way another person would, so, don’t torture yourself trying to find the right style or the one which is similar to that author you like. No, each author is unique and that’s what makes your work special. Learn more and more, read many books and observe all those fine details within them, then slowly build up your own style.
After you overcome that first barrier, other fears arise and feedback is one of them. Often, our first readers are relatives or friends, which might give us some much needed confidence, but it could also be very scary. You will probably fear that their reviews will be biased in order to avoiding hurting your feelings, for example. Another possible situation is stamped on a sentence such as “Well, if not even my friends read what I write …”. It might be that you may just have delivered your work precisely to that one friend who has no time for anything, or worse, the one who hates to read.
The quality of your work can’t be measured by factors so imprecise, nor online reviews, whether they’re good or bad. It is important to realize and learn to live with the fact that different people like different things.
Everyone feels anxious about their writing, especially when you decide that’s what you want to do for the rest of your life, but it’s a part of the process and it should be seen as such. Put your judgments, the publishers’ rejection and every other obstacle you may find in your way, aside. Yes, it can be hard living from your writing, but if you don’t try…
And besides, even if you really think your work is that bad, there is just one way to improve: writing. Every day, more and more.
Try to put aside any judgment you have when you’re writing, just write as if no one would see it, except you and then… let it happen.